Juvenal, um dia teremos que agradecer seu legado?

Algo de muito estranho no ar! Hoje o criador da sigla que define a força dos países emergentes, os BRIC's, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China, anunciou que se a economia brasileira continuar a crescer abaixo da expectativa, a sigla deverá ser revista e “retirar” o B de Brasil, pois já não há mais sentido ser considerado um emergente. Isso mesmo, o Brasil cresce algo em torno de 2%, parecido com o que cresce os EUA, no olho do furacão de sua pior crise financeira, e muito distante da China, que cresce mais que o dobro, mesmo apresentando sinais de desaceleração. Estamos com a economia praticamente estagnada, com sérios problemas de liquidez e inadimplência. O povo brasileiro nunca deveu tanto, e nunca foi tão consciente na tomada de crédito, e sendo assim, é evidente a freada brusca no consumo da classe média, que é a força mantenedora da economia. Inversamente proporcional ao cenário econômico atual, o futebol brasileiro se mostra agressivo. Está comum especulações de repatriação de grandes craques, e até mesmo a concretização de algumas contratações faraônicas e a meu ver, até irresponsáveis.

 Os clubes brasileiros devem muito, sem excessão, numa situação normal estariam todos falidos. O futebol brasileiro está economicamente no limite. Mesmo assim, colocam-se a disposição de pagar salários estratosféricos na ordem de meio milhão para cima para técnicos e jogadores. É comum ouvir que Diego e Robinho, Kaká, Riquelme, e até mesmo Beckham e Ibrahimovic estão em pauta nos clubes brasileiros... São raros os casos de executivos de alto escalão ter vencimentos parecidos com o de Felipão, Déco, Fred, Ronaldinho, Seedorf, Forlan, Renato, Dalessandro, Valdívia, Alex, Danilo, Sheik, Ceni, Fabuloso e por aí vai...sem contar o midiático Neymar. Porém todos imaginam que são eles os grandes responsáveis pelos títulos. Até devem mesmo ser! Porém, na minha visão, desde o início de crise mundial de 2009, estamos assistindo o futebol mundial morrer um pouco a cada dia. Evidente que neste período houve campeões, houve alegrias e tristezas. Alguém tinha que ganhar, alguém tinha quer cair.

 Mas todos, sem excessão no mundo, se endividaram mais, até mesmo Barça e Real na complicada Espanha, e os clubes ingleses dos multibilionários russos e xeques. Os grandes clubes no Brasil estão sem patrocínio master. Faz tempo! Os grandes formadores de jogadores estão sem conseguir vender consistentemente os jovens valores e obter lucro, pois esses meninos são fatiados muito cedo, e ao chegar ao clube grande, onde serão promovidos, este fica em média, com no máximo 30% da receita. É nítido entender que o futebol não está se pagando, ou seja, para um clube crescer, precisa de títulos, para vencer, precisa de elenco e treinador de ponta, e a receita é cada vez menor. O capitalismo está dando sinais de estafa. O futebol é o segundo maior negócio do mundo, perdendo apenas para o petróleo. E por essa razão, acompanha os passos da rota econômica. As bilheterias, arrecadação dos jogos, não cobrem a manutenção dos estadios, e mais alguns serão inaugurados e sendo assim, maior ainda será a concorrência. Juvenal já percebeu que vêm chumbo grosso.

 O SPFC perdeu muito financeiramente com a construção do novo estádio na cidade e com a perda de arrecadação dos aluguéis aos rivais. E hoje não se vende jogadores como vendíamos anteriormente. Nossa receita despencou! O Juvenal não admite, mas o maior problema do SPFC hoje é financeiro. Ele sabe, e dirige o SPFC como quem faz o orçamento doméstico, prevendo os gastos da dispensa do mês. Sem contar que não podemos ir para trás acerca da cobertura do estádio,onde serão gastos mais de R$ 300 milhões. Isso reflete em campo: escassez de títulos, jogadores e bons técnicos. Juvenal errou, e continua errando, mas é um grande sãopaulino, e segura aquilo com mãos de ferro, acreditando que COTIA é a saída, pois quanto mais barangas revelar e forem vendidos, mais ele equilibra as contas do clube. Sem contar que de vez em qdo, um Breno, Hernanes, Kaká e Lucas são revelados, vendidos, poupando o clube de períodos de aperto sendo obrigado a recorrer a empréstimos, adiantamentos e parcerias nefastas. Sua visão continua à frente dos demais.

 Porém sua arrogância, e prepotência, impedem de estabelecer uma administração vencedora e marcante. Seus mandatos passarão a ser indesejados, criticados, mas jamais esquecidos. Seu legado é diferente dos outros. O SPFC não é um time de momentos. Somos um clube diferente, que não dá a mínima para o futebol de resultados, nosso negócio é a base, a formação e o planejamento. Nascemos para conduzir, não para ser conduzidos. O SPFC precisa ter um comandante com identificação com a torcida e jogadores. Diferentes de outros clubes que conseguem proezas com lideranças medíocres. Hoje comemoram santistas, curitianos, e porcos. Nossa conta não é diferente que a deles, e a cobrança chega. O SPFC possui um futuro, mal administrado pontualmente, mas bem dimensionado.

Juvenal apresenta hotel recém-construído em Cotia. (Foto: Estadão)

 Os outros possuem ímpeto. Vão continuar ganhando até a bolha estourar. E ela está chegando ao limite. Cotia é o sonho realizado de um visionário, arrogante, pedante, prepotente, centralizador e indigesto dirigente, mas que nunca esteve tão no caminho certo, o caminho do futuro. O caminho da sustentabilidade. Cotia... Será que um dia agradecemos o Juvenal? Cotia será o seu legado? Postumamente entregaremos o “busto” em sua homenagem? Bons ventos trazem o Ney Franco e o René Simões...os capitães que espero que não sejam de areia.

 @trihexale

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