Como Não Reconhecer o MMA um Esporte?

A prática do MMA tem sido muito discutida nos últimos dias. O jornalista Juca Kfouri e o deputado José Mentor, trabalharam forte pela desmoralização da organização da mistura das lutas e artes marciais. A ascensão meteórica da modalidade, incomoda a muitos q não conseguem aceitar como esporte, um evento onde o q define o vencedor é a submissão do adversário. Talvez seja mesmo apenas um entretenimento, porém creio q existe um certo exagero circulando na mídia q tenta de todas as formas interromper a escalada no interesse pelo MMA. É míope a idéia q o MMA nasceu cercado pela insegurança, ausência de regras, e influência das brigas de rua cometidas por bad boys praticantes principalmente do brasileiro ju-jitsu, full contact, taekwondo, kickboxe, entre tantos, q espalharam-se pelas academias no final dos anos 1980. Tenho uma visão muito diferente acerca do aumento desenfreado pelo interesse da prática e da mídia q cerca o mundo das lutas.

 A explicação é filosófica, social, psicológica, comportamental e cíclica. Ou seja, o ser humano muda seu comportamento através dos tempos por diversos fatores: sobrevivência, guerras, ideais, etc...mas revive a história e de tempos em tempos, e ela se repete. O instinto de “competitividade” sempre esteve presente no ser humano, desde as mais primitivas civilizações, o mais forte tem q se provar constantemente ante os supostamente mais fracos, e a idolatria, o Mito, perpetuaram as páginas da história. Assim surgiu o conceito de esporte. Colocar regras numa atividade onde se busca a supremacia, seja ela pela força, estratégia, inteligência ou habilidade, guiado pelo dom maior da vida : O Livre Arbítrio. A ausência dos ídolos, dos Mitos, abriu o caminho para a reedição da história, das lutas abertas, francas onde o mais bem preparado físico e psicologicamente, com maior inteligência e estratégia, vence. Essa é a sensação para o praticante de MMA, ser um ídolo com as próprias forças. Sobrepor-se às suas limitações. Os críticos precisam entender q mundo mudou muito dos anos 1980 para cá. A guerra fria acabou, o muro de Berlin caiu, e a máquina passou a dominar o cenário mundial.

Surgiram os vídeos games, o computador pessoal, a MTV, a ESPN e a Internet. Esperávamos anos, por uma luta, corrida, show, q sabíamos, nós brasileiros, q nunca chegaria ao Brasil. A TV aberta foi amplamente dominada pelo futebol e Fórmula 1 no século XX. Os outros esportes tínhamos acesso apenas de 4 em 4 anos, nas Olimpíadas. O Boxe sempre foi um esporte romântico, televisivo, aos moldes dos filmes do Rock Balboa. Com o advento da cidade do pecado, Las Vegas, o show business entrou no circuito e juntou tudo q há de mais perverso na mente humana: jogo, apostas, sexo, bebidas, drogas, prostituição, corrupção, mafia, conspiração, soberba, etc... Cenário perfeito para a absolvição do divertimento proibido. O boxe cresceu, virou esporte, e se popularizou. Mas o boxe levou ao apogeu pessoas sem a mínima chance de se destacar na vida. Era um esporte democrático, q desafiava a elite. Todos tinham acesso à prática do boxe, imigrantes italianos, irlandeses, hispânicos, entre outros puderam personificar em seus ídolos, sua cultura e patriotismo.

 Mas o q virou o boxe depois do Tyson? A queda do Tyson botou uma pá de cal no esporte, ninguém conseguiu preencher o espaço deixado pelo ídolo. Buster Douglas derrubou Tyson e sumiu. Evander Hollifield é o boxer mais técnico dos últimos 30 anos, mas seu carisma era zero. E o desinteresse dominou. Com o passar dos anos, uma lacuna se formou na música, na moda, na política, nos esportes e no boxe. Os ídolos sumiram. Não existe mais o Senna, o Tyson, o Jordan e o futebol passou a viver de pseudos craques potencializados pelo marketing esportivo, a geração Beckham e Ronaldo. O q assistimos agora com o MMA, é o resgate da possibilidade, sem fronteiras, do surgimento dos ídolos. São super atletas, extremamente preparados, e q com a organização dos irmãos Fertitta, presidida pelo excelente Dana White, o UFC trouxe à modalidade toda estrutura necessária para promover um grande evento, reconhecido esporte ou não.

 Os ídolos são “over seas”, independente da cor, raça, nacionalidade, todos torcem por um bom combate, uma boa luta. A familia Grace, Anderson Silva, Irmãos Nogueira, Vítor Belfort, Wand Silva, Maurício Shogum, José Aldo, Júnior Cigano, Lyoto Machida, Fabrício Werdum, Thiago Silva, Demian Maia, entre tantos, podem até não ser reconhecidos como atletas esportivos pela grande crítica brasileira, porém deveriam ser reverenciados como precursores do resgate do nacionalismo em torno do esporte. No mínimo deveriam ser respeitados. Como brasileiros principalmente. Como super atletas dedicados e respeitosos entre si. Vi muita sacanagem no futebol, na fórmula 1, mas ainda não vi nem de longe no MMA. A competitividade é o maior triunfo, a preparação e o não ao doping são premissas básicas para a permanência no circuito.

 Dizer não ao novo, impedir a ascensão do novo, no mínimo, é assinar um contrato com a hipocrisia moral q assola o mal cuidado país. Fazer diferente, abrir a cabeça e aceitar a grande contribuição organizacional q o UFC pode trazer para o atrasado país do teixeiriano futebol, é pelo menos enxergar q existe algo além. Não precisa reconhecer a modalidade como esporte, basta aceitar, q esses brasileiros saíram do nada, e no exterior precisaram se expor e procurar seu espaço. Nenhuma corrupta entidade apoiou a modalidade, e eles são reconhecidos ídolos mundiais. Precisaram exportar-se para conquistar o reconhecimento. Apenas isso já não merece notabilidade?

 @trihexale

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